TERRE E LIBERTÀ 2013 NOVA ESPERANÇA E ILHA MICHILES

Durante os dias 08 a 18 de agosto de 2013, uma equipe de Italianas tiveram nas comunidades Nova Esperança e Ilha Michiles realizando atividades educativas com as crianças Satere-Mawe, onde puderam compartilhar seus conhecimentos que certamente contribuirão com o aprendizado de nossas crianças. Brincadeiras diversas onde todas as crianças puderam brincar e descobrir que o mundo não gira somente ao redor delas, que existem culturas diferentes, línguas diferentes. É o segundo ano seguido que o projeto vem a nossas comunidades pra realizar suas atividades. E a comunidade sempre estará de portas abertas as pessoas da Terre e Libertà – IPSIA se caso queiram vir outras vezes.












Sateré-Mawé frente à educação indigenista


A comunidade de Nova Esperança, localizada no Território Indígena do povo Sateré-Mawé, rio Marau, município de Maués, constituiu-se no dia 21 de março de 2013, em um campo político de disputa e negociação, envolvendo sabedores (nagnia), lideranças tradicionais (tu’isas), o presidente do Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawé – CGTSM, Tu’isa Geral do rio Marau, Antônio Tibúrcio Neto, acadêmicos, professores  e comunitários Sateré-Mawé, representantes da prefeitura municipal de Maués, professores da Faculdade de Educação – FACED da UFAM e a coordenadora da licenciatura Profa. Valéria Weigel,  “Formação de Professores Indígena” - Turma Sateré-Mawé, o professor Gersem Luciano dos Santos e a professora Elciclei dos Santos, da Faculdade de Educação – FACED.

                               Em disputa e negociação, o lugar da formação dos professores indígenas, uma vez que, atividades do curso vinham ocorrendo na sede do município. Professores da UFAM/FACED, juntamente com os indígenas foram ao encontro dos Sateré-Mawé na comunidade, com o objeto de dissuadi-los a descer da sua respectiva região e ao mesmo tempo a aceitar a proposta da Coordenação de continuar o processo de formação na BR. 174Km 26, Manaus - Boa Vista-RR, mais precisamente, na Fazenda Experimental da UFAM, local dedicado as atividades práticas de pesquisa de docentes e discentes da Faculdade de Ciências Agrárias – FCA, uma vez que, os discentes  Sateré-Mawé, já haviam se manifestado através de baixo-assinado encaminhado à Coordenação a deliberação da Turma em manter a sua formação em Maués.
                               A FACED/UFAM, agindo como uma frente de atração, justificativa que o “Centro de Formação Indigenista” será um espaço dos indígenas, e em termos de estrutura, haverá condições mais adequadas para as atividades acadêmicas e terá mais professores, ou seja, os professores em decorrência da localização não precisaram fazer viagens de barcos para as aldeias e/ou à cidade.
                               Razões instrumentais pautam a ação da frente de atração indigenista. O utilitarismo exposto, com o objetivo de atrair os indígenas para o projeto civilizacional foi à estratégia adota pelos colonizadores, incorporado pelos Serviços de Proteção ao Índio e Localização dos Trabalhadores Nacionais - SPILTN e agora, em voga pelo Estado, capitaneado pelos humanistas indigenistas, que vêem no modelo de educação proposto pelo Estado a redenção dos indígenas. No Amazonas, o Diretório Pombalino, oficialmente já foi revogado, ideologicamente ainda está em voga. As consultas (impositivas) são uma mera formalidade instrumental.


                               Os Sateré-Mawé, por seu turno, contra argumentaram, seguindo o Wará (o princípio da sabedoria), que a saída de sua região, da proximidade com os familiares e de suas comunidades acarretaria prejuízos ao processo de ensino-aprendizado. Pautaram seus argumentos alegando que, a distância física e cultural, em decorrência da experiência de formação do magistério indígena e dos cursos de licenciatura oferecidos para indígenas em Maués transcorreu sem maiores atropelos. Não é a primeira vez que, publicamente, na mesma comunidade por ocasião do I Seminário de Intercâmbio de Experiência de Educação Escolar Indígena do Amazonas, os Sateré-Mawé manifestaram-se contrários ao descimento proposto pela frente de atração educacional indigenista.
                               Todo embate político, e o processo de educação de qualquer natureza não foge a regra, expõem de forma explicita as razões instrumentais, todavia, nos permite pensar nos objetivos implícitos que não são expostos em determinada situação. A luta travada entre os Sateré-Mawé e a coordenação da Turma Sateré-Mawé, fica evidente a tentativa de persuadi-los a descerem, deslocarem-se para outra região, campo neutro, desconhecido, circunscrito, cerrado; pretende-se com isso o controle absoluto sobre o processo formativo e facilitar o deslocamento de pessoas e equipamentos. Todavia, esse espaço formativo-disciplinador estatal, pois, o Estado investiu bancando a infra-estrutura e acenando para a contração de recurso humano, não será exclusivo dos Sateré-Mawé, os Munduruku foram persuadidos a fazerem o descimento.
                               A prática pedagógica jesuítica dos séculos XVII-XVIII na região do Madeira-Tapajós, estrategicamente idealizada e materializada na fundação de aldeamentos com o objetivo de agrupar os índios descidos é uma prática colonial que ainda se faz presente no Amazonas, o Centro de Formação de Professores e a própria formação indigenista ofertadas para os indígenas se constitui, se o projeto for concretizado, em um verdadeiro aldeamento educacional do século XXI.

                               Um novo embate entre os indígenas e a Coordenação da Turma Sateré-Mawé está marcada para este semestre. Novamente indígenas e indigenistas da educação se colocarão frente a frente. Os indígenas, em razão da estrutura estruturante do Estado que tenta controlar o processo de formação já declararam guerra ao emitirem oficialmente o seu posicionamento, aos profissionais indigenistas da educação espera-se bom senso, e que não adotem com estratégia a “guerra justa”, e oportunamente, que se coloquem na posição dos Sateré-Mawé como forma de entender as suas razões culturais. A partir de quem defendem a criatividade da formação de professores em indígenas em suas comunidades.

Coordenação da Tawaieh.

Nas Trilhas da Autonomia: Educação formal indígena em discussão.


Os filhos do waraná da região do Marau, Território de Nusoken-Sateré-Mawé, com apoio do CGTSM, ICEI-Brasil e SECOYA, organizaram e realizaram no período de 05 a 09 de março de 2013, na comunidade Nova Esperança, o I Seminário de Intercâmbio de Experiência de Educação Escolar Indígena do Amazonas, com o tema central: educação diferenciada e de qualidade.
                   O evento, fruto das reflexões realizadas no III Seminário “Hate Ywakup”, realizado em abril de 2012, contou ainda com a participação de lideranças tradicionais, professores indígenas Sateré-Mawé dos rios Marau e Uaicurapá (Terra Indígena Marau e Andirá\Maués), Yanomami da região do Marauiá (Santa Isabel do Rio Negro), Tuyuka do rio Tiquié e Tukano (Alto Rio Negro\São Gabriel da Cachoeira), Tikuna da região do Alto Solimões (Tabatinga), Marubo e Matis do Vale do Javari (Atalaia do Norte) e acadêmicos da Licenciatura Específica para a Formação de Professores Indígenas (UFAM[i]) e do Curso Pedagogia Intercultural (UEA[ii]), comunitários do povo Sateré-Mawé e profissionais da educação - indigenistas do IFAM[iii]-Maués, UEA, UFAM e SEDUC[iv]-GEEI[v]/CEEI[vi].


                   A troca de experiência relacionada diretamente à educação formal desenvolvida em diversas comunidades indígenas foi o caminho trilhado para aprofundar e saber “o que está realmente acontecendo”, assim se expressou um professor Sateré-Mawé para se referir ao estado da educação escolar indígena no Estado do Amazonas. Saber e entender as vias burocráticas e políticas da educação defendida e difundida do pelo Estado foi objeto de discussão e debate entre os participantes indígenas e não indígenas.  
                   No decorrer dos debates, ficou claro, para os participantes indígenas, que a falta de uma política de educação escolar efetiva, que respeite e valorize os conhecimentos indígenas, ainda não entrou em pauta na agenda política do governo do Estado. O principal fator para esse tipo de comportamento é que muitos técnicos do governo “defende o que não se pode defender”, ou seja, uma educação formal indígena seguindo o modelos de uma educação formal não indígena. Além disso, os governos não dispõem de métodos adequados e apropriados para consultar os povos indígenas sobre os rumos e os caminhos da educação escolar que desejam para si e para os seus povos.



                   Seguindo esta trilha, identificando os problemas e os obstáculos da educação escolar indígena, os participantes em um verdadeiro “puxirum pedagógico” foram identificando as principais barreiras impostas pelo Estado, dentre elas a transformação dos interlocutores indígenas que, em nome do movimento e da causa indígena foram colocados e referendados para serem interlocutores frente ao Estado e se transformaram em interlocutores do Estado, na relação entre os indígenas e o Estado.
                   A não apreciação e o reconhecimento efetivo conforme prescreve a CRFB1988, a Convenção – 169 da OIT e a Declaração Universal dos Povos Indígenas, além da legislação que regulamenta a educação escolar indígena no Brasil, como a mais recente Resolução 05 de 22\06\2012 do CNE[vii], nas quais se pautam os vários projetos políticos pedagógicos elaborados pelos indígenas e encaminhados para as secretarias de educação que as ignoram e/ou reformulam, como bem ressaltaram lideranças e outros participantes em relação a essa atitude: “o que a gente repassa para o governo não é acatada”; “a escola deve estar à serviço da comunidade indígena e não o contrário”; “parece que quem fala em educação diferenciada é louco”.
                   De forma coletiva e interativa, os participantes realizaram reflexões em tornos das experiências pedagógicas e metodológicas desenvolvidas no processo de ensino/aprendizagem nas comunidades. O uso da língua materna, conforme foi destacado, orienta, a muito custo por falta de apoio a produção de material didático, a ação política de professores indígenas nas comunidades. Todavia, foi objeto de ênfase e de repúdio, a forma impositiva das SEMED’s em não respeitar a organização do calendário escolar próprio e os processos avaliativos dos povos indígenas.



                   Ainda de forma coletiva, os participantes avaliaram a construção, as transformações e os impactos que os projetos étnico-políticos ocasionaram nas comunidades. Concluíram que apesar dos obstáculos e das barreiras impostas pelo poder público, não evitaram os avanços e o desenvolvimento de muitos projetos traçados pelas comunidades. Ressaltaram que muitos indígenas residentes na comunidade em compreender a política de educação indígena desenvolvida nos territórios indígenas.
                        Para concluir as atividades, os participantes em plenária apresentaram, discutiram e encaminharam suas reivindicações para os poderes públicos com objetivo que as suas vozes e seus anseios sejam observados e sentidos pelos gestores públicos que muitas vezes desconhecem e, alguns deles ignoram as propostas e os encaminhamentos dos povos indígenas.



[i] Universidade Federal do Amazonas
[ii] Universidade do Estado do Amazonas
[iii] Instituto Federal do Amazonas
[iv] Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino
[v] Gerência de Educação Escolar Indígena
[vi] Conselho de Educação Escolar Indígena
[vii] Conselho Nacional de Educação

Soltura de Quelônios Projeto Pé-de-Pincha 2013


O CONSORCIO DOS PRODUTORES SATERE MAWE – CPSM ANDIRA/MARAU em parceria com o Projeto Vintequilos, realizou a soltura de quelônios do Projeto Pé-de-Pincha, ano de 2012/2013 nos dias 27 de fevereiro à 02 de março de 2013, nas seguintes comunidades:
08 Comunidades participaram durante o ano de 2012 no projeto Pé-de-pincha.  
           
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 No decorrer do de 2010 e 2011 conseguimos apenas 906 filhotes de quelônios soltos.  Em 2010 foram 530 de filhotes de quelônios e no segundo ano 2011 foram soltos 376 filhotes, totalizando 906. No ano seguinte conseguimos dobrar o numero de filhotes de quelônios. E nesse ano de 2013 foram soltos 1375 filhotes de quelônios do ano de 2012, conseguimos envolver mais comunidades ao projeto, assim aumentar e dobrar o numero de filhotes a serem soltos a natureza. O projeto vintequilos esta encerrando neste ano de 2013, os coordenadores do projeto pé-de-pincha nas comunidades agradeceram a iniciativa e motivação que o projeto vintequilos, na pessoa do Senhor Giacomo Morandini que é o coordenador do Projeto vintequilos na Terra Indígena Satere-Mawe Andirá-Marau, todos irão continuar a fazer esse maravilho trabalho que é o projeto-de-pincha.
A soltura de quelônios foi acompanhado pelo Coordenador Ambiental do Projeto Vintequilos César Pontes e o Prof. Anndson Brelaz de Oliveira do Instituto Federal do Amazonas – IFAM e duas Alunas formando do Curso Técnico em Recurso Pesqueiro. No ultimo dia de soltura tivemos a presença da Diretora Geral do IFAM e Professores que serão nossos novos parceiros daqui para frente.


Denise e Francenise alunas do IFAM CAMPUS MAUÉS
fazendo a biometria dos filhotes de quelônios que foram soltos a natureza.
Prof Andson Brelaz do Instituto Federal do Amazonas - IFAM CAMPUS Maués
pesando os filhotes de quelônios antes de serem soltos a natureza.
Criança Satere-Mawe recebendo certificado de participação
do Projeto Pé-de-Pincha

Palestra nas comunidades que participam do Projeto Pé-de-Pincha

Entrega de certificados
Comunidade Indígena Monte Horeb

Fazendo marcação no filhote de quelônio antes de ser solto a natureza

Entrega de cetificados
Soltura de quelônios comunidade São Raimundo - Rio Urupadi

Diretora e Professores do Instituto Federal do Amazonas - IFAM
participando da Soltura de quelônios e firmando a parceria do IFAM Campus Maués
com o Consorcio dos produtores Satere-Mawe - CPSM

Comunidade Indígena Menino Deus



Comunidade Brasiléia

Comunidade Indígena Ilha Michiles

Equipe da Soltura de Quelônios ano 2012/2013


I Seminário de Intercâmbio de Experiência de Educação Escolar Indígena do Amazonas,



Nos dias 06 à 09 de março de 2013, na Aldeia Nova Esperança – Rio Marau, será realizado o I Seminário de Intercâmbio de Experiência de Educação Escolar Indígena do Amazonas, contará com presença de vários professores e pensadores do Povo Satere-Mawe Marau/Andirá e presença de outros parentes de outras Etnias.


Informações: